terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O maldito ranking da FIFA

No próximo dia 14, a FIFA vai divulgar mais uma atualização do ranking de seleções. O ranking foi criado em 1993 e durante 13 anos não passou de uma mera lista. Mas, infelizmente, ele teve um papel significativo na Copa de 2006. Seria melhor se continuasse sem valer nada. A entidade máxima do futebol mundial usou o ranking como pretexto para dar ao México uma das cobiçadas cabeças-de-chave do mundial da Alemanha. O México ocupava a quarta posição e ganhou status de potência.

Com mais um país latino-americano como cabeça-de-chave, a FIFA resolveu que a Holanda deveria ficar no grupo de Argentina, Brasil ou México. A desculpa esfarrapada foi que dessa forma, se evitaria uma distorção com alguns grupos fortes e outros fracos. Mas na verdade, sabemos que a intenção foi preservar as principais seleções do velho continente, como a Alemanha, por exemplo, que era a dona da casa e possivelmente sofreria com um adversário como a laranja mecânica logo na primeira fase.

Tropeço dos anfitriões poderia gerar uma eliminação prematura dos kaisers e consequentemente uma perda inimaginável de lucro para os cofres da organização e da FIFA. Não quero insinuar que por causa dessa manobra os europeus dominaram a Copa. Itália, França, Alemanha e Portugal chegaram à semifinal com toda justiça. Até por isso direcionar a Holanda para o grupo dos latino-americanos foi desnecessário. Queriam evitar uma ''distorção'' no nível dos grupos. Como se o grupo da Argentina, que também tinha Holanda, Costa do Marfim e Sérvia (o grupo da morte) não fosse uma distorção.

E o que dizer do grupo do ''poderoso'' México? Era composto por Portugal, Iran e Angola, e os mexicanos se classificaram com apenas 4 pontos, vencendo o Iran, empatando sem gols com Angola e perdendo para os portugueses. Esse grupo tão fraco também foi uma distorção, assim como o grupo da Espanha, que ainda era composto por Arábia Saudita, Tunísia e Ucrânia. Fica claro que em um mundial com 32 seleções vão existir os grupos mais fortes e os mais fracos. A sorte de cada país depende diretamente do sorteio.

Após o Mundial da Alemanha, a FIFA decidiu tornar o ranking mais justo, levando em consideração a importância das partidas realizadas e não apenas o número de vitórias, que colocava times como México e Estados Unidos bem ranqueados, já que estes enfrentam adversários de pouca expressão na Concacaf. Tudo estava indo de forma coerente, com a Itália na liderança seguida por Brasil, Argentina e Alemanha. Mas a vontade de fazer lambança falou mais alto novamente. Após humilhar a Argentina na final da Copa América de 2007, o Brasil foi incrivelmente ultrapassado pelos hermanos no ranking.

Atualmente, a liderança está com a Espanha. A fúria, campeã da Eurocopa 2008, é sem dúvida a melhor seleção do mundo na atualidade. A última derrota da equipe foi em novembro de 2006. Lá se vão quase 30 partidas de invencibilidade. Mas algumas coisas chamam a atenção: o Paraguai lidera com folga as eliminatórias sula-mericanas para a Copa, mas ocupa somente a 17ª colocação no ranking atrás por exemplo, de Ucrânia, que está em queda livre após o mundial, e Camarões, país que não se classificou para a Copa da Alemanha, além de ter perdido as últimas duas Copas da África para o Egito.

O México, que foi cabeça-de-chave em 2006, hoje ocupa a modesta vigésima sexta colocação. Os mexicanos não mereciam o status de potência que tiveram na Copa da Alemanha, mas também não fizeram nada de diferente nos últimos 2 anos para perderem tantas colocações. Fica evidente que o ranking de seleções não serve para muita coisa. O problema é que em dezembro vai acontecer o sorteio dos grupos para a Copa de 2010. Espero que a FIFA use o bom senso, ou seja, deixe o seu ranking de lado, para escolher os cabeças-de-chave. Atualmente a Croácia ocupa a sétima colocação e com certeza não tem um time mais poderoso do que alguns países que aparecem em posições inferiores. Se o bom senso prevalecer, poderemos ignorar (felizmente) o ranking.

Só por curiosidade, desde que o ranking de seleções foi criado já foram disputadas 4 Copas do Mundo e nunca o primeiro colocado da lista da FIFA venceu o mundial. Em 1994, a Itália chegou aos Estados Unidos como primeira colocada. Em 1998, o Brasil era o líder. Em 2002, França e Argentina lideravam o ranking e não passaram sequer da primeira fase. Já em 2006, o Brasil era o primeiro após dominar as competições internacionais entre 2002 e 2005.

O dez melhores atualmente segundo a FIFA:

1º Espanha
2º Alemanha
3º Holanda
4º Itália
5º Brasil
6º Argentina
7º Croácia
8º Inglaterra
9º Rússia
10º Turquia

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