sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Argentina

Já são 16 anos sem conquistar um título entre os profissionais. Nem o mais pessimista torcedor argentino poderia imaginar que algum dia sua seleção nacional chegaria a tal ponto (o último título dos hermanos foi na Copa América de 1993). Os títulos olímpicos conquistados em 2004 e 2008 serviram até certo ponto para amenizar a situação argentina, mas um novo fracasso em Copa do Mundo não será digerido por sua nação.

A última vez em que a Argentina passou da fase de quartas-de-final foi em 1990, quando perdeu na final para a Alemanha. Depois disso, o país revelou vários jogadores de talento, que figuraram (alguns ainda figuram) entre os melhores do mundo. Exemplos não faltam como Batistuta, Verón, Ortega, Sorín, Mascherano, Messi. Mas falta equilíbrio para a Argentina nas grandes competições. Muitas vezes a falta de equilíbrio é representada pela incapacidade dos técnicos que dirigem a seleção.

Em meio ao clima de angústia, rancor, ódio, entre outros sentimentos que envolvem a seleção do país nos últimos anos, o presidente da Associação de Futebol Argentino, Julio Grondona, não esqueceu a recusa de Carlos Bianchi para treinar a seleção em 1998. Bianchi era quase unanimidade entre os argentinos para substituir Alfio Basile. O único que poderia ofuscar a ideia de Bianchi comandar os hermanos era Maradona. O problema é que o jogador Deus na Argentina se mostrou um simples mortal como treinador.

Maradona convocou 72 jogadores para apenas 13 partidas. Ele nunca repetiu uma vez sequer a escalação do time. Em meio a trapalhadas e confusões táticas, a Argentina sofreu a humilhante derrota de 6 a 1 para a Bolívia nas Eliminatórias (a pior derrota da história do país) e ainda tomou um passeio do Brasil na partida disputada em Rosário. Para se classificar na quarta colocação com 28 pontos, a Argentina precisou vencer o Uruguai, na última rodada das Eliminatórias, em Montevidéu. Logo durante a comemoração no gramado pela classificação, Maradona e sua comissão técnica (que também é formada pelo ex-jogador e ex-técnico Carlos Bilardo) dispararam contra os jornalistas.

De fato, parte da imprensa argentina bombardeou o agora treinador inclusive no aspecto pessoal. Mas Maradona e os torcedores sabem que a seleção terá que melhorar muito para obter sucesso na África do Sul. O ponto fraco do time é visível na própria escalação. Uma equipe que é formada por Romero; Angeleri, Demichelis, Heinze e Papa na defesa não passa confiança. No meio campo, Mascherano fica sobrecarregado e muitas vezes perde a cabeça. Verón, Gutierrez e principalmente Di Maria não têm poder de marcação. No caso de Verón até sim, mas cobrar do veterano uma postura mais defensiva seria desperdício.

No ataque, o mundo cai nas costas de Messi (à esquerda), cobrado na Argentina por não desempenha o mesmo futebol que joga no Barcelona. O parceiro de Messi no ataque segue indefinido. No jogo da classificação contra o Uruguai, Maradona optou por Higuaín. Seja lá quem for o outro atacante, é difícil imaginar uma boa campanha dos hermanos em 2010 que não passe pela individualidade de Messi. Sabe-se que os atletas argentinos jogam por Maradona. Essa pode ser a chave do sucesso do país na Copa.

Mas se a devoção não ultrapassar os limites da competência, a Argentina não passa das semifinais. Mas se pelo menos ficar entre as quatro melhores seleções do mundo depois de 20 anos, os hermanos terão tranquilidade para trabalhar com o objetivo de estragar a festa do Brasil em 2014.



Depois de vencer o Peru no sufoco jogando em casa, Maradona não se conteve.

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