domingo, 21 de dezembro de 2008

Mundial de Clubes precisa de modificação

Pelo segundo ano consecutivo, o continente asiático teve dois representantes no Mundial de Clubes da Fifa. Isso aconteceu porque a partir de 2007, o campeão japonês passou a ter o direito de representar o país na competição, para que assim o público se interessasse mais pelo torneio, que é realizado na terra do sol nascente. O problema é que coincidentemente o campeão japonês também conquistou o campeonato asiático. No ano passado, o Urawa Red Diamonds venceu a Liga dos Campeões da Ásia e foi campeão nacional. Com isso, o ''glorioso'' Sepahan United, do Iran, que foi vice-campeão asiático, herdou uma vaga no Mundial. Em 2008 a história se repetiu e o Gamba Osaka foi campeão japonês e continental, abrindo uma vaga para o Adelaide, segundo colocado na Liga Asiática.

Já que dois times da Ásia têm jogado o campeonato mundial, não seria melhor se Europa e América do Sul tivessem dois representantes? É claro que no ano que vem, com o Mundial sendo disputado nos Emirados Árabes, é pouco provável que o campeão do país sede seja também o campeão asiático. Mesmo assim, seriam dois representantes desse continente na competição de clubes que deveria ser a mais importante do mundo. Essa distorção se reflete no interesse dado ao Mundial. Querendo ou não, os clubes da Europa vão valorizar mais a Champions League do que o Mundial por causa da rivalidade e dos grandes clássicos do torneio europeu. Mas como seria um eventual reencontro entre Manchester United e Chelsea em solo japonês? Penso que seria disputado como uma guerra e o fato de dois times do mesmo país decidirem o campeonato do mundo, por exemplo, não tiraria o brilho da competição.

O que tira o brilho é ver uma partida entre Adelaide e Waitakere em uma fase preliminar que começa 10 dias antes da final. E se começa 10 dias antes da decisão, calendário parece não ser tanto problema assim. É possível fazer um torneio com dois grupos de quatro equipes (como foi feito em 2000 no Brasil) e fazer os times disputarem mais partidas. Em duas semanas, por exemplo, seria viável realizar um torneio mais atraente. Já que citei o confronto entre Chelsea e Manchester United, que decidiram a Champions League esse ano, que tal uma revanche entre Fluminense e LDU? Seria muito interessante.

Com o crescimento dos times mexicanos dentro da Libertadores da América, cheguei a ficar com receio de quem um dos mexicanos conquistassem o torneio sul-americano. Se isso acontecesse, o vice-campeão da Libertadores iria disputar o mundial, já que os times do México pertencem à Concacaf e não à Conmebol. A simples possibilidade de um vice-campeão continental jogar o mundial já me desagradava muito, mas diante do cenário atual, em que o segundo colocado da Ásia está jogando a competição, vejo a possível entrada de mais um time da América do Sul e outro do velho continente no torneio com bons olhos. São continentes com times infinitamente mais tradicionais e isso levaria mais rivalidade à competição. A ausência de rivalidade talvez seja o maior problema do Mundial.

Só por curiosidade, em 1993 o São Paulo conquistou o seu segundo título mundial. O adversário foi o Milan. Para quem não se lembra, ou não sabe, o time italiano não foi o campão europeu da temporada e sim o segundo colocado. O campeão do velho continente foi o Oympique de Marseille, da França, mas o time foi punido por causa irregularidades financeiras e foi impetido de disputar o Mundial, além de ter sido rebaixado no Campeonato Francês. O vice-campeão continental, Milan, tinha um grande time para representar a Europa contra o São Paulo. A prova disso veio em 1994, quando os jogadores do time rubro-negro formaram a base da seleção italiana que foi vice-campeã da Copa do Mundo nos Estados Unidos.

3 comentários:

João Paulo Di Medeiros disse...

Realmente esse modelo de campeonato com a inclusão de clubes dos cinco continentes é mais atrativo para o público. Futebolísticamente acho que ainda vai demorar muito para a final não ser disputada entre América do Sul e Europa. Tem muita gente que critica o modelo Interclubes anterior a essa fórmula, mas para mim isso é coisa sumariamente de corintiano.

Vinícius Moura disse...

Acho que é interessante, mesmo que simbólica, a participação de equipes de continentes pouco expressivos no futebol, como Àsia e África. Porém, um representante basta.

Gostaria de ver mesmo uma competição com o campeão e vice-campeão da Libertadores e Liga dos Campeões, e uma eliminatória antes entre o campeão da Copa Sul-Americana e da Copa da UEFA.

E que o clube campeão do torneio tivesse a sua vaga assegurada.

Mas, não vejo a FIFA com vontade mudar esse campeonato. Eles são muito preguiçosos.

Daniel Mundim disse...

Eu realmente não sei se campeão e vice da Liga dos Campeões e Libertadores no Mundial seria o ideal. Talvez tirasse o brilho da final dessas competições. Pouco provável, já que são torneios tradicionalíssimos. Mas ouvi uma proposta interessante. O Mundial passaria a ser de dois em dois anos, e os dois últimos campeões continentais da Europa e América do Sul estão dentro, e os dois últimos dos demais continentes disputam quatro vagas em repescagens. São feitos dois grupos de quatro com um europeu e um sul-americano em cada grupo. Acho q daria mais competitividade e a rivalidade citada pelo Fernando, que é necessária para o crescimento desse torneio. Mas é difícil ficar discutindo questões de logística, principalmente envolvendo a Fifa, porque envolvem patrocinadores, direitos de transmissão, e mudanças assim são difíceis.