segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Espanha

Cabeça de chave nas últimas três edições da Copa do Mundo, a Espanha sempre decepcionou o mundo da bola quando o assunto é mundial. A exceção talvez tenha sido em 2002, quando foi eliminada pela Coreia do Sul nas quartas-de-final após dois erros absurdos da arbitragem, que invalidou dois gols da fúria. Mas a tradição de revelar bons jogadores para o futebol mundial se equivale a tradição de decepcionar seus torcedores de quatro em quatro anos. Para tentar romper esta escrita, o país que tem como melhor posição em Copas do Mundo em quarto lugar em 1950, conta com a melhor geração de sua história.

O título europeu de 2008 mostrou a capacidade da seleção que hoje é comandada por Vicente del Bosque. A Espanha não tomou conhecimento de seus adversários e só foi ameaçada nas quartas-de-final, quando derrotou a Itália nos pênaltis. Jogando o futebol mais bonito do mundo, os espanhóis transformaram o talento que sempre tiveram em eficiência. Jogadores como Xavi (Barcelona), Iniesta (Barcelona), David Villa (Valência) e Fernando Torres (Liverpool) são capazes de derrotar qualquer seleção mundial. O time é tão bom, que Fabregas, um dos grandes meias do futebol mundial, é reserva na fúria.

Mais do que nunca a pressão por uma boa Copa do Mundo vai ser muito grande em cima dos espanhóis. Tropeçar no próprio salto pode ser um perigo para a equipe, mas nesse sentido, a Copa das Confederações foi muito útil. Depois de atropelar as fracas seleções da África do Sul, Nova Zelândia e Iraque, a Espanha perdeu de 2 a 0 para os Estados Unidos na semifinal, configurando um dos maiores vexames de 2009. Mas o tropeço pode ser benéfico, já que o time tomou o susto que precisava antes da Copa e provavelmente não vai menosprezar nenhum adversário.

O contrário aconteceu com a seleção brasileira na última Copa. Depois de vencer tudo entre 2002 e 2005 (inclusive a Copa das Confederações), o Brasil caiu nas quartas-de-final. Alguns jogadores não acordaram nem a ponto de ver o show de Zidane. A Espanha parece precavida em relação a isso, mas enquanto o título não vier, a pressão será muito grande. Uma ajuda pode vir no sorteio dos grupos, que acontece no dia 4 de dezembro. Nas últimas duas Copas do Mundo, os espanhóis pegaram adversários muito fracos na primeira fase. Nenhuma seleção pôde exigir muito do time, que só "estreou" na segunda fase. Claro que cair em um grupo da morte não é o que ninguém quer, mas é bom enfrentar times minimamente razoáveis na fase de grupos.

O entrosamento entre os jogadores é talvez a grande qualidade da Espanha. Sabemos que não basta ter apenas talento, mas sim formar um time. E nesse aspecto, o time espanhol parece que atua junto toda semana em algum campeonato nacional. As jogadas saem naturalmente e o toque de bola rápido e preciso envolve o adversário. A defesa não é ruim. No gol, Casillas vai para sua terceira Copa do Mundo. Na zaga, o experiente Puyol tem a companhia do jovem Piquet, que é bom nas bolas aéreas. Na lateral-direita, o zagueiro de origem Sérgio Ramos se adaptou bem. E na cabeça-de-área, o brasileiro naturalizado Marcos Senna encaixou como uma luva. A lateral-esquerda, que hoje é ocupada por Capdevila é o ponto fraco.

A Espanha fez uma campanha irretocável nas Eliminatórias, vencendo suas dez partidas. Recentemente, a seleção recuperou o primeiro lugar no ranking da FIFA, que pertencia ao Brasil. Os espanhóis precisam ter equilíbrio caso estejam atrás no placar, o que não aconteceu nas semifinais da Copa das Confederações contra os Estados Unidos. Caso mantenham a cabeça no lugar, a Espanha tem grandes chances de conquistar o título mundial.



Jogadores da Espanha comemorando o título europeu em 2008.


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